"Vencer o mal não consiste em, como no ascetismo (celibato,
por exemplo), tolher a “vontade” ou não se permitir ser acometido por “desejos”
– impedir isso não seria nada razoável: vontades, desejos e paixões, além
de tornar-nos humanos são necessários à felicidade, à evolução e à perpetuação
da espécie – mas é sim, priorizando a razão ACIMA dos desejos,
que somos livres para decidir com lucidez quando convém ou não (além de como e
o quanto) satisfazê-los.
Platão afirma que toda ética é estética e política – ser
Bom, Belo e Justo – é decidir livremente com a razão. Valer-se da liberdade
para ser razoável remete-nos ao famoso “imperativo categórico kantiano”, sem
dúvida. Mas buscar liberdade para agir com os instintos seria, convenhamos, um
tremendo contra senso.
Sim, os “maus daimons” nos tentam o tempo todo, mas
é a nós, somente a nós que cabe decidir e escolher "o" agir: de
livres ou escravos – homens ou animais.
E é considerando (con siderio = pôr junto às estrelas)
o “Outro”, nosso semelhante (em Filosofia denominamos “Alter”), que somos
éticos, virtuosos.
Como sempre, tudo é questão de bom-senso, justa medida,
equilíbrio, moderação, a famosa “Sophrosyne” grega no frontispício do
Oráculo do deus da harmonia e da saúde, Apolo, na cidade de Delfos: “Nada
em Excesso”.
Sobre a obra de Hieronymus Bosch - Os Sete pecados capitais
Disponível em