quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Nada em excesso"


"Vencer o mal não consiste em, como no ascetismo (celibato, por exemplo), tolher a “vontade” ou não se permitir ser acometido por “desejos” – impedir isso não seria nada razoável: vontades, desejos e paixões, além de tornar-nos humanos são necessários à felicidade, à evolução e à perpetuação da espécie – mas é sim, priorizando a razão ACIMA dos desejos, que somos livres para decidir com lucidez quando convém ou não (além de como e o quanto) satisfazê-los.

Platão afirma que toda ética é estética e política – ser Bom, Belo e Justo – é decidir livremente com a razão. Valer-se da liberdade para ser razoável remete-nos ao famoso “imperativo categórico kantiano”, sem dúvida. Mas buscar liberdade para agir com os instintos seria, convenhamos, um tremendo contra senso.

Sim, os “maus daimons” nos tentam o tempo todo, mas é a nós, somente a nós que cabe decidir e escolher "o" agir: de livres ou escravos – homens ou animais.

E é considerando (con siderio = pôr junto às estrelas) o “Outro”, nosso semelhante (em Filosofia denominamos “Alter”), que somos éticos, virtuosos.

Como sempre, tudo é questão de bom-senso, justa medida, equilíbrio, moderação, a famosa “Sophrosyne” grega no frontispício do Oráculo do deus da harmonia e da saúde, Apolo, na cidade de Delfos: “Nada em Excesso”.

Sobre a obra de Hieronymus Bosch - Os Sete pecados capitais 
Disponível em 

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